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O sucesso de meninas em termos de trajetória escolar no Brasil deve ser discutido. Ainda hoje meninas e meninos recebem estímulos diferenciados que, ao invés de promoverem maior equidade, aprofundam desigualdades.

Publicações no mundo inteiro destacam que quando olhamos para o campo das ciências, as atitudes presentes no cotidiano escolar fazem com que meninas se engajem menos e se sintam menos motivadas a lidar com problemas matemáticos e lógica, por exemplo. Não surpreende que anos dessas práticas estão relacionado ao menor engajamento de meninas e jovens mulheres em carreiras científicas e tecnológicas. Dados da Unesco dão conta que menos de 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres (fonte).

Neste contexto, a equidade de gênero – entendida como um esforço histórico e global para que mulheres e homens tenham direitos, responsabilidades e oportunidades iguais ao longo da vida -, só poderá ser alcançado com a consolidação de oportunidades educacionais para as mulheres desde meninas, de forma que em qualquer idade elas possam participar e protagonizar as grandes transformações recentes.

O estereótipo do cientista, trazido pelos livros escolares é invariavelmente formado pela imagem de cientistas homens mais velhos e de pele branca. Esta visão também é construída pela mídia, quando vemos majoritariamente pesquisadores do sexo masculino sendo entrevistados na televisão ou em reportagens nos jornais. Nesse contexto, despertar o interesse das meninas pela ciência desde a educação básica passa por apresentar modelos que mostrem que, sim, a ciência também é lugar de mulheres.

Numa análise mais detalhada, percebe-se que a questão vai além de questões de gênero ou identitárias: cientistas são muitas vezes retratados como pessoas “fora do comum”, especialmente inteligentes e muito longe da rotina escolar das crianças e adolescentes “comuns”.

O “fazer ciência” também segue sendo retratado como algo fora do alcance da maioria das pessoas e que o processo científico acontece muito mais por sorte do que por estudo sistemático e continuado. Essa abordagem influenciam o modo de pensar das crianças e jovens, reforçando desigualdades e desinteresse por desenvolvimento e conhecimento científico.

É preciso, portanto, ampliar o debate com o público em idade escolar, mostrando que ciência de qualidade e avanços científicos são alcançados em vários ambientes e por meio de pessoas ditas “comuns”. Num sentido livre: Ciência é para todos!

No que tange o recorte de gênero voltado ao público feminino, o projeto se alinha fortemente ao relatório do Fundo de População da ONU (UNFPA) de 2016 (fonte) indica que o cumprimento da Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) está diretamente relacionado ao apoio oferecido a cerca de 60 milhões de meninas no mundo, naquele momento com 10 anos de idade e que em breve iniciariam sua passagem da adolescência para a vida adulta. O relatório afirma também que práticas como casamento e gravidez precoce, por exemplo, impedem as meninas de alcançarem seu pleno potencial para atingir a idade adulta e contribuírem para o progresso econômico e social de suas comunidades e nações.

Ações em direção ao empoderamento feminino contribuem para maior autonomia das mulheres em sua vida adulta, dando a elas maiores possibilidades de desenvolverem seu potencial na sociedade em todos os ambientes sociais. Evidentemente, ações de formação e educação são vetores fundamentais na trajetória dessas meninas e adolescentes.

A proposta apresentada neste projeto fundamenta-se na valorização da divulgação de informação científica por meio da interação social, notadamente, a promoção de debates e do “brincar”, voltada ao público em idade escolar.

Como material de apoio a este debate, o projeto também distribui o livreto: “Ciência é Substantivo Feminino” com informações históricas da progressão e importância das mulheres no contexto da ciência mundial com várias informações adicionais, divulgando textos acadêmicos e jornalísticos. Desta forma, busca-se aproximar e inspirar crianças e adolescentes à seguir em suas trajetórias de estudo.

 

“Um cientista no seu laboratório não é apenas um técnico: é, também, uma criança colocada à frente de fenômenos naturais que impressionam como se fossem um conto de fadas!”

Marie Curie

Financiamento:

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